sábado, 4 de novembro de 2017

PRÉMIO NACIONAL DE POESIA DIÓGENES – 2016


O Prémio Nacional de Poesia Diógenes, atribuído pela revista Cão Celeste e com o valor pecuniário de €1500, distinguiu, de entre os livros publicados em 2016, Nove fabulo, o mea vox | De novo falo, a meia voz, de Alberto Pimenta (Lisboa, Pianola, 2016).

A decisão do júri – constituído por Ana Isabel Soares, Diogo Dória e Hugo Pinto Santos – foi tomada por unanimidade.



[Guillaume de Tignonville, 'Les dits moraulx des philosophes', France. c. 1473 
- Free Library of Philadelphia, Lewis]

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

SETEMBRO


"Seldom we find" says Solomon Don Dunce
"Half an idea in the profoundest sonnet"

Edgar Allan Poe



A fisionomia, o carinho das coisas impalpáveis,
o balbuciar, todo em amarelo, dos limões...
Cintura na pedra, correio subtil de Lesbos para Marte.

Antinous visitou-me. Deixou a casa desarrumada 
e um projecto em mim demasiadamente longo.
No frágil da memória eu durmo e sou eu,
deuses de papelão sentando-se a meu lado. 

No leito fluvial por onde dorme o cisne
chamam por mim os outros príncipes. Todos
irmãos.

Escuridão nova na velha escuridão,
efeito de luz nas janelas do poema...
O meu cão dorme. He is a poet, isn't he?



Mário Botas
in Aventuras de um Crâneo e outros textos,
org. de Daniela Gomes, Inês Dias, Luis Manuel Gaspar e Manuel de Freitas,
Lisboa: Averno, 2013



sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Era um país, um corpo,
uma cidade de ossos
calcinados, onde nem cães
metiam o dente.

E o corpo é um cristal lívido
no centro d'uma praça, deportado,
límpido, onde nem os homens
se atrevem.

A cidade aposta-se toda
na espessura do sono, na
candura banal, vulgar,

do país em ruína:
impaciente.


Paulo da Costa Domingos, Cal,
com prefácio de Vitor Silva Tavares, Lisboa, Averno, 2015

VEIO A ESSA HORA

Não vive neste bairro.
As lojas não conhece.
Não conhece esta gente
que se afana por elas.
Não sabe prò que veio.
Não compra aqui a imprensa.
Só recorda as esquinas
de que os cães bem se lembram.

As janelas acesas
aumentam-lhe a tristeza.
Coração transeunte,
junto às casas recentes
caminha a vacilar,
como alguém a quem levam.
O vento do subúrbio
enreda-se em suas pernas.

A rua como outrora.
E como outrora alheia.
E o ar escurecido,
a noite que se abeira.
Quando dobra a esquina
e aperta o passo, sonha
que o tempo não mudou
brincando a que regressa.

Depois passa distraído,
e pensa: foi uma época.


Jaime Gil de Biedma
in Antologia Poética, sel. e trad. de José Bento,
Lisboa, Cotovia, 1992

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

# 11



Capa de Maria João Worm.

Colaborações de:
Abel Neves, Alberto Pimenta, Alexandre Esgaio, Ana Biscaia, 
Ana Menezes, Antoine Sarnago, António Barahona, 
Bárbara Assis Pacheco, Bruno Borges, Cláudia Dias, Daniela Fortuna, Débora Figueiredo, Dede Fernandes, Dedo Mau, Elisabete Marques, Emanuel Jorge Botelho, E. M. de Melo e Castro, Gil de Carvalho, Guilherme Faria, Hugo Pinto Santos, Inês Dias, Isabel Baraona, 
Isabel Nogueira, Jaime Rocha, João Chambel, João Concha, 
João Paulo Esteves da Silva, Jorge Roque, José Feitor, 
Manuel A. Domingos, Manuel de Freitas, Manuel Diogo, 
Manuel Machado, Maria da Conceição Caleiro, Maria João Worm, Miguel de Carvalho, Miguel Martins, Pablo Fidalgo Lareo, 
Pádua Fernandes, Paulo da Costa Domingos, Pedro Burgos, 
Ricardo Álvaro, Ricardo Castro, Ricardo Marques, Rui Baião, 
Tiago Manuel, Urbano e Zepe.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

segunda-feira, 10 de julho de 2017

PÕE OS OLHOS NA ÁGUA


"[...] mudar
o mundo (mudá-lo para onde?).
[...]"


José Miguel Silva
in Cão Celeste n.º 8, Lisboa, Dezembro de 2015 | 
Últimos Poemas, Lisboa, Averno, 2017





[Capa de Luís Henriques]

sábado, 22 de abril de 2017

A EITO


Cada verso começa com uma maiúscula
Cada verso é um portal

KILGORE TROUT JR.


Escrevo a eito
Até fazer uma lombada mínima
Assim começo

Nada aqui é fingimento ó pé-de-salsa
Nem o que deveras sinto

Ocupo a clareira da poesia
Para fumar um cigarro em paz

Aí, no bravio descampado
Por minha conta
Estendo-me como uma asa
Ao tráfico da carne

E enquanto travo o fumo cinzento
Procuro palavra a palavra
Outra coisa

Um cão ao sol
Um caderno sensível abandonado num campo

Que alumie no regresso a casa
Os lugares escuros do quarto
E afaste a manhã conformada
Atrás da porta

Para onde não haja nem palha nem grão
Nem bafinho de menino
Ou galo a cantar.


João Almeida, Hotel Zurique,
com capa de Luís Henriques e arranjo gráfico de Pedro Santos, 
Lisboa, Averno, 2017



terça-feira, 11 de abril de 2017

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

# 10





Capa de:
 Daniela Gomes


Colaborações de:
Abel Neves | Ana Menezes | Ana Paula Inácio | António Barahona | Bruno Borges | Bruno Dias | Cláudia Dias | Daniela Fortuna | Débora Figueiredo | Emanuel Jorge Botelho | E. M. de Melo e Castro | Fábio Neves Marcelino | Fabio Weintraub | Fernando Guerreiro | Gil de Carvalho | Guilherme Faria | Hélia Correia | Henrique Manuel Bento Fialho | Hugo Pinto Santos | Inês Dias | Isabel Baraona | Isabel Nogueia | Jaime Rocha | João Alves | João Barrento | João Chambel | João Concha | Jorge Roque | José Ángel Cilleruelo | José Feitor | José Miguel Silva | Leonor Figueiredo | Luca Argel | Luís França | Luís Henriques | Manuel A. Domingos | Manuel de Freitas | Manuel Diogo | Maria da Conceição Caleiro | Mário Alberto | Miguel Martins | Miguel Pereira | Pádua Fernandes | Paulo da Costa Domingos | Pedro Burgos | Raymund Krumme | Ricardo Castro | Rik Lina | Rui Nunes | Rui Pires Cabral | Sebastian Brant | Tania de Léon | Thomas Bewick | Urbano | Vanda Brotas Gonçalves | Vítor Silva Tavares | Zepe