No meu beco, há muitos pombos. Coloquei um recipiente com água, ao lado da porta, para eles beberem e se refrescarem. E atiro-lhes milho e pedacinhos de pão.
Isto, porque me lembro de que no meio de tantos pombos, pode muito bem estar aquele que Jesus esculpiu em barro e a que deu vida, com o seu sôpro.
*
Mas..., Já não há espaço para voar: disseram-me que é proibido alimentar os pombos.
E também é proibido tocar música na rua e aceitar moedas dos passeantes: os meus dois filhos mais pequenos (9 e 12 anos, alunos respectivamente dos Conservatórios de Música e Dansa) foram presos por dois polícias, como se fossem vis bandidos.
Já não há arte na vida, nem espaço para brincar e voar: NÃO É PROIBIDO MALTRATAR CRIANÇAS E DEVE-SE MATAR À FOME OS POMBOS DA CIDADE.
29.VIII.012
António Barahona
in Cão Celeste n.º 2, Lisboa, Outubro de 2012
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